Pertence à família das almas, seria o segundo na hierarquia do cemitério, abaixo só do Sr. Omulú.
Esse Exu é chefe de legião.
Exú Guardião!
Sua apresentação astral é de um homem com uma grande capa roxa por dentro e preto por fora com bordados dourado.
Em sua última encarnação foi um príncipe, enganava muito as pessoas, roubava, etc.
Pertence a Lina negativa de Yorima (almas, pretos velhos), serventia de Pai Guiné.
Seu mineral é ônix, preto bruto ou hematita.
Seu metal é chumbo.
Sua erva é bananeira.
Trabalha muito com ervas, punhais, fitas, crânios (imagem de barro).
Fuma charuto, cigarrilhas.
Bebe conhaque, uísque, marafo.
Sua guia é preta e branca com imagem de caveiras.
É pouco conhecido na umbanda.
EXU MORCEGO
Em um castelo, inteiramente de pedra, mal cuidado e isolado no meio de uma floresta, típico daqueles pertencentes ao feudo europeu, vivia um homem branco e corpulento, trajando uma surrada roupa, provavelmente antes pertencente a um guarda-roupa fino. Percebia-se o desgaste causado pelo passar do tempo, pois ainda carregava uma grossa e rica corrente de ouro de bom quilate, com um enorme crucifixo do mesmo cobiçado material. Parecia viver na solidão, muito embora no castelo vivessem vários serviçais. Na torre do castelo, as janelas foram fechadas com pedra, e só pequenas frestas foram feitas no alto das paredes.
A luz não podia entrar. A torre não tinha paredes internas, formando uma enorme sala, com pesada mesa de madeira tosca, tendo como iluminação dois castiçais de uma só vela cada. Ao lado da tênue luz das velas, livros se espalhavam sobre a mesa, mostrando ser aquele homem um estudioso e que algo buscava na literatura. De braços abertos, com um capuz preto cobrindo sua cabeça, emitia estranhos e finos sons, tentando descobrir o segredo da levitação. Pelas frestas da torre, entravam e saiam voando vários morcegos com os quais ele procurava inspiração e força para atingir sua conquista. Por quê? Não sabemos. A idéia e as razões eram só da estranha figura. Parecia um homem de fino trato, transfigurado na fixação de atingir um poder que não lhe pertencia. Seu nome? Também não sabemos. Só o conhecemos incorporado nos terreiros como o querido, mas temido, Exu Morcego.
EXU 7 DA LIRA
O Exu 7 da Lira, segundo a unanimidade dos terreiros afirma, foi o grande cantor brasileiro. De certa forma, foi sinalizada alguma coisa em nosso terreiro, pelo ponto que ele mesmo ditou:
Sou exu, trabalho no canto
Quando canto desmancho quebranto
Sete cordas tem minha viola
Vou na gira de elenco e cartola
Viola é o tridente
Cigarro é o charuto
Bebida é o marafo
Sou Sete da Lira
Derrubo inimigo
Ponteiro de aço
EXU PANTERA
O Exu Pantera é uma surpresa. Seu nome dá a entender ser um espírito violento, bravo, mas ao contrário, apresenta-se com muita elegância, com charme e um bom palavreado. Ele contou sua história: afirmou ser europeu, e grande admirador da pantera, para ele, um animal esperto, ágil, e o mais elegante de todos. Veio ao Brasil para resgatar seu carma, agrupando-se à umbanda, especificamente à quimbanda e como tem uma relação direta com o Caboclo da Pantera, não teve nenhuma dúvida em usar o nome do lindo felino. Daí seu nome: Exu Pantera.
EXU DO FOGO
O Exu do Fogo contou uma história interessante. Disse que através do fogo executa seus trabalhos de caridade, por ter ele, no tempo da Inquisição, condenado várias pessoas para serem queimadas em fogueiras com a pecha de bruxos. Hoje ele se considera um bruxo e através do elemento fogo, tenta resgatar os males que carrega em seu carma. E vale a pena ver a habilidade deste exu manipulando o fogo.
EXU JOÃO CAVEIRA
O Exu João Caveira contou uma vida passada. Disse que na Idade Média, foi um fiel conselheiro de um senhor feudal. Criada uma situação no feudo de difícil solução, foi solicitada sua opinião para decidir a questão. Se decidisse de uma forma, agradaria todos os senhores, e de outra, faria justiça a todos os moradores desafortunados do lugar. Para ganhar a simpatia do lado forte, decidiu pela primeira hipótese, mesmo contrariando a sua vontade, que em nenhum momento expressou. Por causa disso, ganhou um carma enorme, que está resgatando nos terreiros da umbanda.
EXU DO RIO
Põe mais um pro “Coroné”.
Estávamos no meio de uma gira de Quimbanda, entre uma consulta e outra,
quando o seu Exu do Rio virou para mim (seu cambone) e disse:
- Põe mais um conhaque aí pro “coroné”!
Observando minha expressão de curiosidade, emendou:
- “Qué sabe por que coroné”? Depois te conto.
Ao fim daquela proveitosa noite de trabalhos, seu Exu do Rio mandou que eu
me sentasse à sua frente e contou-me a seguinte história:
“Sabe, fio, eu era coronel. Desses que tem terra, possui muito dinheiro,
muito poder. E, tendo poder, eu podia ajudar muitas pessoas. E vinha muita
gente me pedir, mas eu não ajudava ninguém não.
Eu tinha muitas escravas e aprontava com todas. Tinha uma negrinha que
trabalhava na casa, era a minha preferida. Eu “tava” sempre com ela, vivia
“me deitando” com a dita cuja. Até que ela engravidou. Foi aí que eu resolvi
me casar.
Mas não pense que o coronel ia se casar com a negrinha, não! Eu mandei vir
da cidade uma moça branca, jeitosa e de boa família para ser minha esposa. E
casei.
Bom, como já disse, eu era muito rico e poderoso e tinha muitas terras,
muita riqueza mesmo. Um dia, saí com meu cavalo pelas minhas propriedades,
cavalgando pelo mato, sem rumo, só para me distrair um pouco. Eu estava
beirando um rio que eu gostava muito, o Rio Grande. Eu adorava aquele rio.
Foi quando ouvi umas vozes.
Apeei do meu cavalo e fiquei escutando aquela conversa; era a negrinha
conversando com a minha donzela. Notei que esta chorava, enquanto a escrava
sorria. Não precisei pensar muito para deduzir o que aconteceu: a negra
contou que estava “embuxada”, e que eu era o pai.
Quando eu vi num olhar tristeza, e no outro, satisfação, não tive dúvidas:
agarrei as duas e afoguei os dois olhares no rio que eu tanto amava!
Esse é o motivo do meu nome, Exu do Rio, porque eu matei minha mulher,
minha amante e meu filho afogados. Mas não é por isso que eu trabalho como
Exu hoje na Umbanda, quer dizer, não só por isso. Eu cometi muitos e muitos
erros enquanto encarnado e agora tenho que reparar isso tudo trabalhando
aqui. Essa história é só o motivo do meu nome. E,se eu fizer direito meu
trabalho, eu posso (depois de muito tempo e esforço) voltar como boiadeiro,
buscando sempre reparar o meu mal, ajudando os outros.”
Terminada essa interessante e triste comunicação, fiquei olhando por algum
tempo para seu Exu do Rio, que logo soltou aquela sua gostosa gargalhada e
disse:
- “Bão, fio, isso é passado, e agora nós temos mais é que viver o presente.
E ta na hora de eu í me embora, porque já tão mandando! Sarabumba, rapaz!”.
- Sarabumba, meu pai.
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